Quando falamos em microbiota, logo relacionamos esses conjunto de microorganismos ao funcionamento intestinal, quando na verdade, a sua importância é bem mais abrangente e benéfica a vários aspectos do nosso corpo.
Mas para aqueles que nunca ouviram esse termo antes, vamos explicar em resumo o que ele representa.
O que é microbiota?
É um grupo de microrganismos (bactérias, fungos, protozoários e vírus) que vivem em determinado ambiente. Sua existência no corpo humano funciona como uma barreira que impede a proliferação de microrganismos patogênicos, ativa e modula a resposta imunológica, reduz o pH intestinal, controla o armazenamento de gorduras, metaboliza compostos (como o ácidos biliares) e fermenta resíduos de alimentos que o corpo humano é incapaz de digerir.
Mesmo assim, ainda fica difícil associar esses benefícios com a saúde da pele, não é mesmo? Então agora, entraremos no assunto principal deste artigo:
Qual o papel dos microrganismos no corpo?
Existem dois tipos de microorganismos, os patogênicos e os não patogênicos. Os que fazem parte da microbiota são os “não patogênicos”, e para entendermos a importância deles em nossa pele, precisamos entender os benefícios e consequências dessas duas classificações.
Patogênicos:
São bactérias, vírus, fungos e protozoários capazes de produzir doenças infecciosas em seus hospedeiros. Eles também produzem compostos tóxicos que podem ser transmitidos pelo ar, por contato físico ou por alimentos contaminados. O exemplo mais recente que temos é o vírus da Covid-19, que desenvolve a doença respiratória através desses contatos.
Não patogênicos
São bactérias, vírus, fungos e protozoários inofensivos que estão à nossa volta e participam de diversos processos da natureza, mas que não nos causam problemas à saúde humana, a não ser que entrem em contato com algum indivíduo com sistema imunológico debilitado ou estejam em alta concentração no ar ou alimento.
Esses organismos produzem proteínas indispensáveis para a nossa sobrevivência, participando da digestão de várias substâncias e favorecendo o nosso sistema imunológico. São eles que produzem vitaminas do complexo B12, fibras solúveis; e que limpam nossa pele, os olhos, e estão presentes em vários outros processos vitais.
Na pele
Além da microbiota ser considerada “defensora” da pele, pois impede que outros microrganismos patogênicos a colonize por questões territoriais, foi descoberto que ela também é capaz de modular a integridade da barreira da pele, evitando desequilíbrios cutâneas comuns, como o eczema (inflamação de pele com sintomas de coceira, vermelhidão e descamação).
Além disso, ela tem a missão de manter a saúde e o pH da pele em equilíbrio e a proteger do ressecamento e sensibilidade. Quando a nossa microbiota apresenta desequilíbrio, essa barreira de proteção da pele fica fragilizada, deixando-a mais exposta aos problemas de acne, rosácea, dermatite, psoríase, entre outros.
Hábitos de vida e alimentação podem comprometer o funcionamento natural da microbiota, além de outros fatores como: ambiente, uso de antibióticos e doenças. Quando a microbiota é comprometida e a pele fica desprotegida e sensível, os fungos, bactérias e vírus “do bem”, são substituídos pelos que causam infecções e outras doenças de pele.
Como manter a microbiota em equilíbrio?
Alguns cosméticos que carregam pré e probióticos (substâncias que melhoram as condições de vida da microbiota) em sua composição, vêm sendo muito indicados por especialistas, pois ajudam a restabelecer esse microbioma cutâneo. Esses produtos estão ganhando cada vez mais espaço no mercado da estética, pois contém ativos benéficos para que os microrganismos bons se alimentarem e fortalecerem.
Mas isso não é suficiente, por mais que esses dermocosméticos promovam como consequência indireta a inibição de bactérias patogênicas, e com isso, melhoram a aparência de peles acneicas, por exemplo, também é preciso de uma rotina de hidratação e higiene constante, redução do estresse diário, manter uma dieta balanceada e ter uma rotina de atividades físicas para alcançar esse equilíbrio.
Devemos ressaltar que a pele é considerada a primeira barreira imunológica do organismo humano, ela tem o poder de impedir fisicamente que os microorganismos “do mal” consigam invadir o organismo. Então, investir em cuidados para a microbiota da pele, é ao mesmo tempo, reforçar essa camada de proteção, dificultando a passagem desses seres causadores de doenças.